sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Não chame ninguém

e tudo começou com a palavra ... nomeando as coisas ... animadas, inanimadas; mas como como dizer atualmente?

a identidade é uma busca antiga das pessoas. algumas, por covardia excessiva, se olham no espelho e dizem “este sou eu”. “esta É minha identidade, quem sou e sempre serei!”

que nenhuma parilisia alcance sua face, um AVC ... nem se torne paraplégico: não poderia mais mirar-se no espelho e se reafirmar todo dia pela manhã. ou pela tarde. não sabemos do seu relógio biologico.

em uma revista um “....” afirma que não é afro-descendente, mas um brasileiro negro! estamos melhor que os Estados Unidos? por lá, a covardia nomeia as pessoas de afro-americanos. Sim! em parte ainda são americanos, mas também são africanos. de quantas gerações “exiladas” naquele país? cinco? sete? mais? menos? o que faz deles ainda africanos? a pigmentação somente? e quem reforça esta pequinez?

geneticamente somos menos próximos dos ratos que árabes e judeus. e mesmo assim a diferença é muito pequena.

não chame aquela mulher de poetisa: é uma representação do machismo e não representa a igualdade dos sexos. (que, aliás, se fossem, realmente, iguais, a humanidade já não praticaria a reprodução sexuada, mas assexuada; podendo, quem sabe, chegar ao patamar das minhocas que trocam de sexo para procriação. são todas machos e fêmeas).

não chame aquela mulher de poeta: isto representa o aviltamento de uma igualdade onde o gênero ou é neutro ou anula a sensibilidade feminina.

não chame o senhor de afro: ele é negro brasileiro.

não chame o senhor de negro: ele é afro.

NÃO CHAME NINGUÉM! DE NADA!

a grande problemática é a identidade. é o como cada um quer ser reconhecido. é a intransigência e a insegurança de que sua força não seja reconhecida e referenciada.

na existência de uma multiplicidade toda a multiplicidade deveria ser possível.



“tudo se comunica, mesmo quando não tem consciência disto. Mas se uma árvore cair no meio de uma floresta vazia de humanos, ela se comunicou.” (livre leitura de Paul Watzlawick da Escola de Palo Alto)




a questão referente à identidade não traz um único ângulo possível, como várias outras carrega uma sintomatolgia de amplo espectro ... muitos não julgam suficiente terem uma identidade, quanto mais uma que se permita em transformação constante ... os outros – essa espécie que nunca acompanha o processo cognitivo dos outros outros – tem que reconhecer o que se vê de si mesmo e reforçá-lo.

em tempos de “globalização”, “pós-modernismo”, “tempos líquidos”, realmente a conceituação, no presente momento, pouco altera as consegüências, busca-se uma identidade: “sou pardo, de cabelos pretos e pontas claras, subdesenvolvido, leio em romeno, ouço jazz-rock-equal-de-terceira-linha, anarquista da linha esquizo-descon-independente-dos-canhotos ...” Sim! a identidade é cada vez “mais mínima”, apesar de ser mais extensa e acreditava-se, com isso, que ... a segurança em um cubículo!

um dia, alguém neste lama da origem humana se erguerá para afirmar: “sou humano!”. e isto é o crucial ...

e qual a importância disto? se não sei quem sou, quem posso ser, como estruturar relações? como reconhecer os outros ou qualquer um?